domingo, 3 de maio de 2009
Tecido universal
Nascido no século XIX, o tecido mais resistente do mundo tem uma história confusa e já ultrapassa três séculos. Uniforme da humanidade desde o século XX, o jeans que conhcemos hoje surgiu com base em uma ideia de um alfaiate americano, um comerciante alemão, que criou uma variação de um tecido francês usado por marinheiros genoveses. Para completar o DNA da peça, a cor azul, veio do índigo, uma tintura desenvolvida na Índia. Essa história começou em 1847, quando o jovem germânico Oscar Levi Strauss abriu uma loja de secos e molhados em São Francisco, na Califórnia, no auge da mineração do velho oeste americano, onde vendia o tecido como lona para carroças ou barracas. Um de seus compradores era o costureiro Jacob David Youphes, que adaptou o tecido para fazer calças. Os mineradores adoraram a novidade, pois as roupas eram bem mais resistentes que as peças de algodão. Ao saber dessa demanda o próprio Levi Strauss contratou o Youphes e começou a fabricar calças, mas o tecido era duro demais. Pesquisando materiais, Strauss encontrou na França um tipo de brim resistente mas flexível. E começou a fazer importações da cidade de Nimes - motivo pelo qual o brim começou a ser chamado de denim. As peças não tinham uma cor definida e o alemão começou a tingir o tecido com índigo. Strauss fez outras adaptações como bolsos para guardar pedras. Em 1872, o produto foi patentiado po Strauss. Em 1899, Henry Lee fundou sua primeira empresa de calças denim e criou as fardas usadas pelo exército americano na primeira Guerra Mundial. Nos anos 20, o tecido passou a ser usado por operários e foi divulgado no cinema no filme "Tempos Modernos" em que Charles Chaplin aparecia trajando seus jeans. O cinema transformou a calça em uniforme de rebeldia juvenil, nos anos 50, através de Elvis Presley, Marlon Brando, Marilyn Monroe e James Dean. Tornou-se objeto de desejo nos anos 70 e 80 e peça de marcas de luxo desde então. Democrático e versátil, atende todas as classes sociais.
Hélio Oiticica e a arte para vestir
Hélio Oiticica foi um dos criadores brasileiros que mais esteve sintonizado com a efervescência artística mundial das décadas de 50, 60 e 70 do século XX. Hoje é um nome planetário cuja importância não se restringe à arte brasileira. Oiticica rompeu com as arestas do quadro em 1960. Seu objetivo, segundo os críticos, era fugir da parede e criar uma arte que transformasse as pessoas. Sua grande sacada se deu nos anos de vigor descomunal da década de 60 e, a partir de 1964, Oiticica passou a vestir a pessoa com suas obras de arte. Chamou-as de roupas "Parangolés" e transformou o espectador, tão acostumado ao papel passivo de assitir ao criador, em suporte artístico. Essas roupas, Oiticica usou para vestir seus amigos da Mangueira. Estes colaboradores de sua arte sambavam e assim criavam múltiplas formas arquitetônicas, dobráveis, momentâneas ou temporárias no ar. Dessa maneira o artista brasileiro criou espaços de libertação tal qual o alemão Joseph Beuys. Hoje os estilistas buscam formas de associar tecidos à arte arquitetando dobraduras que se estruturam, buscando formas mutantes ao andar. Muito antes um brasileiro fazia com tecidos uma arte performática que só, dada a distância do tempo, é possível colocar sua obra na perspectiva da história da arte, não como uma resistência acadêmica, mas como uma verdadeira invenção.
Ilustração de moda
No início do século XX, a fotografia era considerada, no mundo da moda, uma técnica incompleta, não estando, por isso, à altura de formas de arte como a pintura ou a escultura. Naquela época, a representação de uma peça de roupa só era possível em forma de desenho. Esta situação mudaria de forma abrupta com a chegada de Paul Poiret ao mundo da moda. Paul Poiret foi o primeiro estilista a reconhecer a utilidade da ilustração de moda e as suas múltiplas possibilidades criativas. Mais que a própria roupa, os seus desenhos representavam emoções, gerando assim uma perspectiva idealizada das criações. Seus ilustradores prediletos eram George Barbiers, Georges Lepape e Paul Iribe. As ilustrções caracterizavam-se pelo uso de gravuras, aquarelas e pintura a pastel, algumas vezes lápis de cera. Eram feitas para revistas de moda e só foram dando espaço para a fotografia nos anos 60. Atualmente, assiste-se a um renascimento da ilustração de moda, graças da difusão das técnicas digitais e a correntes de um estilo novo que misturam as técnicas de programas de computador a formas lúdicas como colagem, grafite e lápis de cor. Já se podem ver imagens de jovens ilustradores em revistas como a Nylon, a i-D ou a Purple que atraem a atenção de um leitor artsy.
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