Hélio Oiticica foi um dos criadores brasileiros que mais esteve sintonizado com a efervescência artística mundial das décadas de 50, 60 e 70 do século XX. Hoje é um nome planetário cuja importância não se restringe à arte brasileira. Oiticica rompeu com as arestas do quadro em 1960. Seu objetivo, segundo os críticos, era fugir da parede e criar uma arte que transformasse as pessoas. Sua grande sacada se deu nos anos de vigor descomunal da década de 60 e, a partir de 1964, Oiticica passou a vestir a pessoa com suas obras de arte. Chamou-as de roupas "Parangolés" e transformou o espectador, tão acostumado ao papel passivo de assitir ao criador, em suporte artístico. Essas roupas, Oiticica usou para vestir seus amigos da Mangueira. Estes colaboradores de sua arte sambavam e assim criavam múltiplas formas arquitetônicas, dobráveis, momentâneas ou temporárias no ar. Dessa maneira o artista brasileiro criou espaços de libertação tal qual o alemão Joseph Beuys. Hoje os estilistas buscam formas de associar tecidos à arte arquitetando dobraduras que se estruturam, buscando formas mutantes ao andar. Muito antes um brasileiro fazia com tecidos uma arte performática que só, dada a distância do tempo, é possível colocar sua obra na perspectiva da história da arte, não como uma resistência acadêmica, mas como uma verdadeira invenção.
Sou estudante e o blog tem me ajudado muito, parabéns pelas pílulas.
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